Meu filho tem sete anos. É filho único, de pais separados. Mora comigo, graças a Deus!
Sou eu que acordo ele todos os dias para ir à Capoeira (que ele ama) e à Natação (que ele tolera). Ele não gosta de acordar cedo. Antes das nove, é sempre um problema (eu não posso reclamar, pois esse biorritmo é o meu... fazer o quê? Lembrar todos os dias de como a minha mãe me agüentou. E agüentar o mau humor dele). Continuando: sou eu que digo para escovar os dentes, não se distrair porque tá na hora de sair e não de desenhar, colocar a roupa, a meia, o tênis, tomar banho, almoçar, fazer o dever, desligar o playstation, sair do computador, trocar de canal porque esse programa não é de criança, falar mais baixo, não ficar pulando porque a empregada tá dormindo no andar de baixo e já é tarde, aliás, já passou da hora de dormir e, não, pela última vez, não pode dormir na minha cama, você tem a sua...
Claro, com as devidas diferenças e exceções, esse papel é sempre o nosso, de mães. Mas só que aí, tem um dia que você para e pensa: puxa vida, será que ninguém vai me ajudar a fazer esse papel chato? Porque é chato mesmo, quem não acha? A parte boa é enorme, nem dá pra reduzir com palavras e se for tentar, o texto não termina mais: abraço, beijo, carinho, cantar pra dormir, passeio, sobremesa bem doce, jogo, bola, piscina, sorvete fora de hora, o maior amor do mundo! Tudo de bom que os filhos trazem pra nossa vida...
Mas essa parte chata desgasta demais. E voltando à pergunta: alguém pode ajudar? Avô e avó não podem ser para isso (são para a parte boa...e quando você desabafa, sempre dizem: “tem paciência, filha, ele ainda é tão pequenininho”. Estão certos.). Pai já não ajuda muito quando mora na mesma casa (um brinde e aplausos para as honrosas exceções!), imagina quando não vê todos os dias e, quando vê, nunca é na hora da escola, na hora de dormir quando tem que acordar cedo no dia seguinte, na hora de fazer dever, de tomar banho rápido porque tá atrasado...(além do mais, acho que os pais são naturalmente mais zen do que nós quando se trata de horários, higiene e educação).
Nas horas em que, cansada de repetir dez vezes por dia as mesmas frases, me acho uma coitada, com uma responsabilidade solitária e enorme, não tem nada melhor do que buscar o apoio das amigas e da minha irmã. Como é bom ligar para elas, que estão no mesmo barco (são mães: casadas, solteiras ou separadas, não importa...) e falar desse desespero... dizer: “não agüento mais! O Rodrigo não me ouve, só atende na milésima vez, quando eu dou um grito ou ameaço com castigo!” A resposta, do outro lado da linha, sempre me devolve a consciência de estar num grupo: elas me contam sobre o último ataque da Nanda, as teimosias do Dudu, as brigas da Carol com a Bel, as desobediências do Pedro e do João, me dizem que eles fazem igualzinho ao Rodrigo e que elas também berram e perdem a paciência muitas vezes, e que o pai não ajuda em quase nada nessa parte...
Não é que eu fique me sentindo bem porque os outros também têm problemas. Mas essa “rede de compreensão” afasta a solidão... esta certeza de que estamos todas no mesmo barco faz toda a diferença. Cada uma conta uma experiência, dá uma sugestão, faz uma recomendação, diz como aprendeu... e, como na minha “rede” só caem mulheres inteligentes, descoladas, modernas e as melhores mães que conheço (depois da minha, é claro!), quando desligo o telefone, depois de ouvi-las, de rir e chorar com elas, renovo meu fôlego e começo tudo de novo... com mais calma, mais paciência, me sentindo reconfortada. E consciente de que a missão “fazer do meu filho um homem de bem” é mesmo só minha. Mas sabendo que ao meu lado tem gente trabalhando nas mesmas missões, com o mesmo empenho e cansaço, fazendo o melhor, o possível e o impossível. Superando todos os obstáculos com amor. O maior amor que há nessa vida...
Sou eu que acordo ele todos os dias para ir à Capoeira (que ele ama) e à Natação (que ele tolera). Ele não gosta de acordar cedo. Antes das nove, é sempre um problema (eu não posso reclamar, pois esse biorritmo é o meu... fazer o quê? Lembrar todos os dias de como a minha mãe me agüentou. E agüentar o mau humor dele). Continuando: sou eu que digo para escovar os dentes, não se distrair porque tá na hora de sair e não de desenhar, colocar a roupa, a meia, o tênis, tomar banho, almoçar, fazer o dever, desligar o playstation, sair do computador, trocar de canal porque esse programa não é de criança, falar mais baixo, não ficar pulando porque a empregada tá dormindo no andar de baixo e já é tarde, aliás, já passou da hora de dormir e, não, pela última vez, não pode dormir na minha cama, você tem a sua...
Claro, com as devidas diferenças e exceções, esse papel é sempre o nosso, de mães. Mas só que aí, tem um dia que você para e pensa: puxa vida, será que ninguém vai me ajudar a fazer esse papel chato? Porque é chato mesmo, quem não acha? A parte boa é enorme, nem dá pra reduzir com palavras e se for tentar, o texto não termina mais: abraço, beijo, carinho, cantar pra dormir, passeio, sobremesa bem doce, jogo, bola, piscina, sorvete fora de hora, o maior amor do mundo! Tudo de bom que os filhos trazem pra nossa vida...
Mas essa parte chata desgasta demais. E voltando à pergunta: alguém pode ajudar? Avô e avó não podem ser para isso (são para a parte boa...e quando você desabafa, sempre dizem: “tem paciência, filha, ele ainda é tão pequenininho”. Estão certos.). Pai já não ajuda muito quando mora na mesma casa (um brinde e aplausos para as honrosas exceções!), imagina quando não vê todos os dias e, quando vê, nunca é na hora da escola, na hora de dormir quando tem que acordar cedo no dia seguinte, na hora de fazer dever, de tomar banho rápido porque tá atrasado...(além do mais, acho que os pais são naturalmente mais zen do que nós quando se trata de horários, higiene e educação).
Nas horas em que, cansada de repetir dez vezes por dia as mesmas frases, me acho uma coitada, com uma responsabilidade solitária e enorme, não tem nada melhor do que buscar o apoio das amigas e da minha irmã. Como é bom ligar para elas, que estão no mesmo barco (são mães: casadas, solteiras ou separadas, não importa...) e falar desse desespero... dizer: “não agüento mais! O Rodrigo não me ouve, só atende na milésima vez, quando eu dou um grito ou ameaço com castigo!” A resposta, do outro lado da linha, sempre me devolve a consciência de estar num grupo: elas me contam sobre o último ataque da Nanda, as teimosias do Dudu, as brigas da Carol com a Bel, as desobediências do Pedro e do João, me dizem que eles fazem igualzinho ao Rodrigo e que elas também berram e perdem a paciência muitas vezes, e que o pai não ajuda em quase nada nessa parte...
Não é que eu fique me sentindo bem porque os outros também têm problemas. Mas essa “rede de compreensão” afasta a solidão... esta certeza de que estamos todas no mesmo barco faz toda a diferença. Cada uma conta uma experiência, dá uma sugestão, faz uma recomendação, diz como aprendeu... e, como na minha “rede” só caem mulheres inteligentes, descoladas, modernas e as melhores mães que conheço (depois da minha, é claro!), quando desligo o telefone, depois de ouvi-las, de rir e chorar com elas, renovo meu fôlego e começo tudo de novo... com mais calma, mais paciência, me sentindo reconfortada. E consciente de que a missão “fazer do meu filho um homem de bem” é mesmo só minha. Mas sabendo que ao meu lado tem gente trabalhando nas mesmas missões, com o mesmo empenho e cansaço, fazendo o melhor, o possível e o impossível. Superando todos os obstáculos com amor. O maior amor que há nessa vida...
Luciane
Um comentário:
Luciane, minha rede de amigas tá na net mesmo; e como me ajuda, e como essas mulheres me ajudam!....
As mulheres têm uma capacidade de criar laços que é só nossa mesmo...
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